quarta-feira, 30 de julho de 2014

Lendas

A Lenda da Iara - Amazônia

          A Iara é uma moça linda, que vive na água. É tão bonita, que ninguém resiste ao seu encanto. Aparece à noite e costuma cantar com uma voz tão doce, que atrai as pessoas e estas, quando se dão conta, já estão sendo arrastadas para o fundo da água.
          Tem um palácio no fundo de um lago, todo construído com pedras preciosas. Suas paredes são feitas de rubis, as janelas de águas-marinhas e a porta é de ouro maciço, fechada por um enorme diamante.
          Dizem que seu canto é mágico e atrai como um ímã. Não se pode fugir dele por mais que se queira. Diz a lenda, que Jaguarari foi atraído por esse canto...
          Jaguarari era um índio muito forte, corajoso e bom. Gostava de remar e o fazia tão bem que até as aves esticavam o pescoço para vê-lo.
          Um dia, Jaguarari partiu muito cedo da aldeia para caçar. Como era um belo dia, resolveu passá-lo na floresta. Encontrou um lago muito bonito e resolveu mergulhar.
          Depois de nadar bastante, deitou-se à beira do lago e admirou o céu. Só quando sentiu fome, saiu para caçar e preparou uma das caças ali mesmo. Comeu e adormeceu profundamente.
Jaguarari despertou quase ao anoitecer e apressou-se em retornar para a aldeia. Mal havia começado a andar, ouviu um canto maravilhoso, mais bonito que o do uirapuru. Sem perceber, foi em direção à origem da melodia e quando percebeu estava novamente no lago onde havia nadado.
          De repente, deparou-se com a Iara, tão linda que nem conseguia tirar seus olhos dela. Já estava quase entrando na água, quando  lembrou  do que os mais velhos contavam sobre a Iara.
          Conseguiu agarrar-se num tronco de árvore na beira do lago. Como era muito forte, segurou alguns cipós próximos e conseguiu se afastar.
          Quando chegou à aldeia, sua mãe percebeu que ele estava diferente, mas Jaguarari não contou à ela o que tinha acontecido...  disse  que era cansaço.
          Nos dias seguintes, continuava preocupado e triste, o que não era comum nele.
          Quando saía para pescar, passava a maior parte do tempo junto ao lago, esperando ver a Iara, que não aparecia.
          Com o passar dos dias, foi ficando mais impaciente e resolveu voltar ao lago. Como ele demorou a voltar para a aldeia, alguns índios foram procurá-lo. Perto do lago, um dos índios o avistou, em pé numa canoa, acompanhado por uma linda moça. Essa foi a última vez em que alguém o viu...

( adaptado de ‘Histórias e Lendas do Brasil’ – Editora Apel )

Atividades
1.      Há muitas lendas sobre a Iara no Brasil. A lenda que você leu pertence à qual lugar?
2.     Como era a casa de Iara, de acordo com a lenda?
3.     Quem era Jaguarari?
4.     Como Jaguarari sabia que era Iara quem o atraía ao lago?
5.      Jaguarari conseguiu fugir da Iara, mesmo hipnotizado por seu belo canto. Pode-se dizer que isso é realmente verdade? Por quê?
6.      Lendas são narrativas inventadas pela cultura local e transmitidas de geração para geração. São sempre baseadas em algum fato ou fenômeno. Seu objetivo é explicar por que algo acontece. Por que você acha que os índios criaram a Lenda da Iara?
7.      Desenhe, no seu caderno, a parte da história que tenha considerado a mais emocionante.
8.       Imagine como Iara ficaria furiosa ao ver a condição degradante que se encontram os nossos rios. Escreva uma carta para ela pedindo ajuda na recuperação dos  rios, usando argumentos que a convençam de realizar essa missão.
9.         Releia:  “ A Iara é uma moça linda, que vive na água. É tão bonita, que ninguém resiste ao seu encanto. Aparece à noite e costuma cantar com uma voz tão doce, que atrai as pessoas ...” O que observa-se neste trecho ?
(   ) O autor apresenta o enredo da história.
(   ) O autor apresenta o cenário.
(   ) O autor apresenta a personagem principal.

10.  Como ficaria o trecho citado na questão 9 na fala da própria personagem?

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A LENDA DA VITÓRIA RÉGIA

         Estava uma noite muito quente. O luar era tão claro, que se enxergava quase como se fosse de dia. Perto da lagoa havia uma importante tribo de índios, que hoje já não existe. Entre os índios, havia um velho chefe, muito procurado pelas crianças, que gostavam de ouvir as suas histórias.         Como a noite estava quente e o luar muito lindo, o velho cacique tinha-se  sentado muito perto da lagoa, para descansar e apreciar aquela beleza. Logo que as crianças descobriram que ele estava ali, foram sentar-se perto dele. Pediram que lhes contasse uma história. O cacique, porém, estava tão distraído,  admirando a vitória-régia, que nem se apercebera da chegada das crianças. (...) Por fim sorriu-lhes.       
         - O que estava a ver com tanta atenção? - perguntou uma.      
        - Aquela estrela! Aquela bonita estrela - respondeu o cacique, apontando para a vitória-régia.       
          As crianças ficaram admiradas e trocaram um olhar significativo. A vitória-régia era uma estrela? Pobre cacique! Ele percebeu o espanto das crianças e disse-lhes:       
          - Não tenham medo! Não fiquei doido, não. Não acreditam que a vitória-régia seja uma estrela? Então ouçam:
         " Há muitos e muitos anos, nem eu sei quantos, na nossa tribo vivia uma índia, muito jovem e muito bonita, a quem tinham contado que a lua era um guerreiro forte e poderoso. A moça apaixonou-se por esse guerreiro e não quis casar-se com nenhum dos índios da tribo. Não fazia outra coisa senão esperar que a lua surgisse. Aí, então, punha os olhos no céu e não via mais nada. Só o poderoso guerreiro. Muitas vezes, ela saía a correr pela floresta, os braços erguidos, procurando agarrar a lua.
          Todos na tribo tinham pena da índia, pena de vê-la dominada por um sonho tão louco.       
           E o tempo foi passando... contudo, o sonho não deixava a pobre moça em paz.          Queria ir para o céu. Queria transformar-se numa estrela, numa estrela tão bonita, que fosse admirada pela lua.  Mas a lua continuava distante e indiferente, desprezando o desejo da jovem.    Quando não havia luar, a rapariga permanecia aborrecida na sua oca, sem falar com ninguém. Eram inúteis os esforços dos amigos e parentes para que ela ficasse com as outras moças. Continuava recolhida, silenciosa, até a lua aparecer novamente.       
          Numa noite em que o luar estava mais bonito do que nunca, transformando em prata a paisagem da floresta, a moça repetiu a sua tentativa. Chegando à beira da lagoa, viu a lua refletida no meio das águas tranquilas e acreditou que ela tinha descido do céu para se banhar ali. Finalmente, ia conhecer o famoso e poderoso guerreiro. Sem hesitar, a índia atirou-se às águas profundas e nadou em direção à imagem da lua. Quando percebeu que tinha sido ilusão, tentou voltar, mas as forças faltaram-lhe e morreu afogada.       
          A lua, que era, como eu disse, um guerreiro forte e poderoso, uma espécie de deus, viu o que tinha acontecido e ficou compadecida. Sentiu remorso por não ter transformado a formosa índia numa estrela do céu. Agora era tarde. A moça ia pertencer, para sempre, às águas profundas da lagoa. Porém, já que não era possível transformá-la numa estrela do céu, como ela tanto desejara, podia transformá-la numa estrela das águas. Uma flor que seria a rainha das flores aquáticas.      
           E, assim, a formosa índia foi transformada na vitória-régia. À noite, essa  maravilhosa flor abre-se, permitindo que a lua a ilumine e revele a sua impressionante beleza.
Histórias e Lendas do Brasil (adaptação)

Desenvolvimento:
1 - Leitura silenciosa do texto, anotando todas as palavras, expressões ou partes que não tenha entendido no caderno. Sentar-se com um colega e discutir com ele sobre o que anotou. Escrever as respostas. Consultar o dicionário, caso seja preciso.
2 – Leitura em voz alta (feita por um aluno ou professor).
3 - Que características possui esse texto para ser considerado uma lenda?
3 -  Esse texto pode ser dividido em duas partes, pois ele nos conta, na verdade duas histórias. Em que parte podemos fazer essa divisão?
4 –  Em sua opinião, o que pode ser considerado fantástico nessa história?
5 -  O que você achou do final da história? Se tivesse que mudá-lo, o que mudaria?
6 – Conversa sobre a situação dos rios atualmente.
7- Produção de texto
a)     Listar no caderno personagens folclóricos conhecidos.
b)      Escolher personagens da lista e redigir um rascunho de uma narrativa, seguindo o roteiro:

.  Título.
 . Tipo de narrador (narrador – observador ou narrador – personagem).
.   O lugar onde acontece a história.
.  Elementos para deixar a história emocionante.
.  Letra legível
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Texto informativo                A VERDADE

            Na verdade, a Vitória Régia é uma planta aquática da família das ninfeáceas, encontrada muito na flora Amazônica, principalmente nas várzeas, onde são vistas flutuando nos lagos de pouca profundidade e sem muita correnteza. Sua gigante folha verde chega a medir dois metros de diâmetro e tem as suas margens levantadas até quinze centímetros. Chega a pesar até 45 kg. e serve de pouso a muitas aves cansadas depois de uma longa jornada. Flutuam nos lagos como uma enorme bandeja verde, trazendo em sua extremidade, como uma oferenda, uma única, bonita e exótica flor que se abre no crepúsculo vespertino e fecha-se no crepúsculo matutino. Essa for é muito aromática e tem de 25 a 35 cm de diâmetro quando aberta. Suas raízes fixam-se no fundo das águas e suas folhas e flores, são revestidas de espinhos na parte inferior, numa defesa natural contra a ação predadora dos peixes. As sementes, que se  parecem com grãos de ervilha, podem ser comidas torradas. 
             Além dos lagos da Amazônia, a Vitória Régia pode ser encontrada também em Mato Grosso e nas Guianas. É cultivada como raridade nos Jardins Botânicos de todo o mundo, devido ao tamanho descomunal de suas folhas e flores. Dizem que um naturalista Inglês, querendo homenagear a sua soberana, a Rainha Vitória, foi quem deu o nome a esta flor de Vitória Régia.

Artes
            Depois de todas as informações adquiridas sobre esta imponente planta, chegou à hora de você reproduzi-la.

Materiais:
·         O fundo de uma caixa de pizza.
·         Tinta cor: verde-claro.
·         Papel crepom cor: branca, rosa e amarela.
·         Cola e tesoura.

Procedimento

Pintar o fundo da caixa de pizza com a cor verde-claro.
Fazer as pétalas do papel crepom nas cores indicadas e colá-las no meio da parte que será a folha.

Observação: Pode-se utilizar pratinhos e copinhos descartáveis. Pinte o prato com tinta acrílica verde e recorte a borda dos copinhos em forma de pétalas de flor.
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Lenda do Curupira

Desenvolvimento
1 - Leitura  oral feita por um aluno ou o professor.

Curupira ou Caipora
            É um mito do Brasil que os índios já conheciam desde a época do “descobrimento”. índios e jesuítas o chamavam de Caiçara, o protetor da caça e das matas.
            É um anão de cabelos vermelhos com pêlos dentes verdes. Como protetor das árvores e dos animais, costuma punir os agressores da natureza e o caçador que mata por prazer. É muito poderoso e forte.
            Seus pés voltados para trás servem para despistar os caçadores, deixando-os sempre a seguir rastros falsos. Quem o vê perde totalmente o rumo, e não sabe mais achar o caminho de volta. É impossível capturá-lo. Para atrair suas vítimas, ele, às vezes, chama as pessoas com gritos que imitam a voz humana. É também chamado de Pai ou Mãe – do – Mato, Curupira e Caapora. Para os índios guaranis ele é o Demônio da Floresta. Às vezes é visto montando um porco do mato.
            De acordo com a crença, ao entrar na mata, a pessoa deve levar um rolo de fumo para agradá-lo, no caso de cruzar com ele.

                                   Fonte: Folclore Brasileiro Ilustrado: A Lenda do Curupira

1 – Você acredita que o Curupira existe? Por quê?
2 – Você concorda com a atitude do Curupira? Justifique sua resposta.
3 – Que atitudes o Curupira tem  em defesa da natureza?
4 – Que ensinamento a lenda desse mito quer nos transmitir?
5 – Em sua opinião , o que deve ser feito em relação a degradação do meio ambiente?
6 – Nesta história também aparece uma simpatia. Destaque-a.
7 – Volte a ler o texto e transcreva referente a  personagem principal as:
a)  características físicas.
b) características psicológicas.
8 – Reproduza esse texto colocando o Curupira contando sua própria história.

BRINCADEIRA
            Vamos brincar de Curupira

            Com os alunos sentados em círculo é iniciada uma conversa informal sobre a lenda do Curupira seu papel de protetor da natureza e em especial dos animais.
            Após a conversa o professor dará início a brincadeira, dizendo: “O caçador  invadiu a floresta e prendeu todos os animais. O Curupira chegou bem na hora e salvou o macaco.”
            O aluno ao lado diz a frase inicial e adiciona mais um animal, e assim sucessivamente. Quando errar deixará a brincadeira, e o próximo dará continuidade.
            O vencedor será aquele que ficar mais tempo sem errar a sequência, ou seja, que ficar por último, e aquele que não repetir nenhum animal.

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                            Lenda do guaraná

         Em uma aldeia dos índios Maués havia um casal, com um único filho, muito bom, alegre e saudável. Era muito querido por todos de sua aldeia, o que levava a crer que no futuro seria um grande chefe guerreiro.
            Isto fez com que Jurupari, o Deus do mal, sentisse muita inveja do menino. Por isso resolveu matá-lo. Então Jurupari transformou-se numa enorme serpente e, enquanto o indiozinho estava distraído, colhendo frutinhas na floresta, ela atacou e matou a pobre criança.
            Seus pais, que de nada desconfiavam, esperaram em vão pela volta do indiozinho, até que o Sol foi embora. Veio a noite e a Lua começou a brilhar no céu iluminando toda a floresta. Seus pais já estavam desesperados com a demora do menino. Então toda a tribo se reuniu para procurá-lo.
            Quando o encontraram morto na floresta, uma grande tristeza tomou conta da tribo. Ninguém conseguia conter as lágrimas. Neste exato momento uma grande tempestade caiu sobre a floresta e um raio veio atingir bem de perto do corpo do menino.
Todos ficaram muito assustados. A índia-mãe disse: “- É Tupã que se compadece de nós. Quer que enterremos os olhos de meu filho, para que nasça uma fruteira, que será nossa felicidade”.
            Assim foi feito. Os índios plantaram os olhinhos da criança imediatamente, conforme o desejo de Tupã, o rei do trovão.
            Alguns dias se passaram e no local nasceu uma plantinha que os índios ainda não conheciam. Era o guaranazeiro. É por isso que os frutos do guaraná são sementes negras rodeadas por uma película branca, muito semelhante a um olho humano.
            Agora, diz aí, quem não gosta de guaraná?

1- Leia o trecho ”Em uma aldeia dos índios Maués havia um casal, com um único filho, muito bom, alegre e saudável. Era muito querido por todos de sua aldeia, o que levava a crer que no futuro seria um grande chefe guerreiro”. Por este trecho podemos afirmar que o texto é uma:

( ) notícia de jornal.
( ) propaganda.
( ) lenda.
2- Na frase “Isto fez com que Jurupari, O Deus do mal, sentisse inveja do menino”, a palavra grifada faz referência a:

( ) ao fato do indiozinho ser muito querido.
( ) aos pais do indiozinho.
( ) À enorme serpente.

3- No trecho “... enquanto o indiozinho estava distraído, colhendo frutinhas na floresta, ela atacou e matou a pobre criança”, as palavras grifadas dão idéia de que o índio:
( ) era indefeso.
( ) estava perdido na floresta.
( ) era medroso.

4- Da saída do indiozinho até o momento em que a família o encontra, passaram-se
( ) dois dias.
( ) algumas horas.
( ) uma semana.

5- Leia o trecho “Isto fez com que Jurupari, o Deus do mal, sentisse muita inveja...” Marque a frase em que a vírgula é utilizada da mesma maneira.
( ) ... com um único filho, muito bom, alegre e saudável.
( ) Agora, diz aí, quem não gosto de guaraná?
( ) Brasil, país do futebol, é também o país do guaraná.

6- De acordo com o texto, a frase que explica como o guaraná nasceu é:
( ) “Diz a lenda que o guaraná nasceu de uma paixão”.
( ) “Os índios plantaram os olhinhos da criança e dias depois nasceu uma planta: o guara-nazeiro”.
( ) “ Nascia na Fazenda Santa Helena o laboratório para produção do guaraná”.

7- No trecho “... É Tupã que se compadece de nós. Quer que enterremos os olhos de meu filho, para que nasça uma fruteira, que será nossa felicidade”, as aspas são utilizadas para:
( ) Marcar a oração dos índios.
( ) destacar a fala de Tupã.
( ) marcar a fala da mãe do indiozinho.

8- No trecho “... ela atacou e matou a pobre criança”, a expressão grifada significa que o índio:
( ) não tem o necessário para viver.
( ) é um mendigo.
( ) inspira compaixão.

9- A frase “Agora diz aí, quem não gosta de guaraná”, é um jeito popular do adolescente falar. Se fosse escrita para pessoas idosas ficaria
( ) A maioria das pessoas gosta de guaraná, não é?
( ) Só bobo não se liga em guaraná!
( ) Galera, quem não gosta de guaraná?

10-Os frutos do guaraná são parecidos com os olhos humanos porque são:
( ) frutos mágicos de Deus Tupã.
( ) sementes negras rodeadas por uma película branca.
( ) os olhinhos da criança da tribo Maués.

11 – Pesquisar:  Origem / Propriedades medicinais do guaraná.

12 – Fazer um cartaz com os dados mais relevantes da pesquisa.
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                                  JURUVA SALVOU O FOGO


            De  repente, o fogo se apagou nos quatro cantos da Terra. Não se sabia por que, mas apagou. Antes disso acontecer,  havia fogugueiras espalhadas pelo mundo: fogueiras grandes que serviam às tribos para se comunicarem umas com as outras; fogueiras  menores,  para os índios se aquecerem nas noites de friagem; fogueiras pequenas, para cozinhar  os alimentos; e até fogueirinhas, acesas de brincadeira, pelas crianças.
            De repente, sem nenhuma razão, as fogueiras  se apagaram.
            Nunca os índios souberam por quê. Nunca se soube por que as fogueiras se apagaram  ao mesmo tempo. As fogueiras e os braseiros apagaram-se!
            Somente num lugar distante, longe, muito longe, havia uma última  brasinha acesa, prestes a extinguir-se. Quem poderia ir buscá-la tão depressa como era necessário?
            Alguém deveria chegar a tempo de salvar aquela última centelha, antes do fogo apagar-se para sempre.
            Os índios Pareci reuniram-se e chamaram os animais da floresta, para ajudarem a trazer a última brasa. Todos se recusaram. Uns diziam que não dava tempo; outros alegavam que se queimariam; outros nem responderam, partiram sem dar explicações.
            Os índios Pareci, então, chamaram os pássaros da floresta para ajudá-los. Perguntaram qual dentre eles iria buscar a última brasa que se apagava num lugar distante.
            Juruva não se fez rogar. Ofereceu-se logo para trazer a última brasa que restava  acesa na terra. Não havia tempo a perder, e o pássaro partiu ligeiro como seta de zarabatana.
            Voou. Voou. Voou... Por fim, chegou àquele lugar, longe, muito longe, que ninguém sabia onde ficava.
            Revolveu o borralho, e tirou das cinzas aquela última brasinha. E, agora, como a levaria?  Não tinha mãos.
            Tomou-a no bico, mas logo sentiu o ardor de queimadura. Virou daqui, virou dali, saltitando, mas nada de achar um jeito de segurar a brasa. De repente, teve uma idéia. Apanhou  a brasinha entre as duas penas compridas da cauda, e voltou, voando depressa ao encontro dos Pareci.
            Ao chegar, entregou a preciosa brasa quase apagada. Os índios receberam-na com muito cuidado. Colocaram-na entre ervas delicadas, musgos e palhinhas secas, uma espécie de ninho preparado para receber aquele tesouro.
            A tribo reuniu-se ao redor, e todos começaram a soprar a brasinha, que aos poucos parecia reanimar-se. De repente, apareceu uma chama minúscula, um quase nada, uma esperançazinha...
            Foi o bastante para os índios se alegrarem. Todos sopraram com mais força. Entregou-se uma língua de fogo; a seguir outra, e mais outra ... o fogo estava salvo!
            Os Pareci atiraram folçhas secas e gravetos, até subirem altas labaredas vermelhas, com fulgores azulados. Agora, era preciso alimentar o fogo. Primeiro, trouxeram galhos pequenos; depois, maiores e, por fim, grandes toros de madeira seca. A fogueira ardia. Pipocavam faíscas de ouro como se o próprio ar se incendiasse.
            Era quase noite quando a dança começou.
            Primeiro, o bastão de ritmo golpeou o chão. Depois, os pés golpearam o chão  num baticum formidável.
            O fogo roncava, bravo como um jaguar. Lampejos de ouro dançavam na folhagem. A floresta estremecia ao som dos cantos e das danças rituais.
Encarapitado numa árvore, Juruva via o fogo subir em labaraedas, que punham clarões no céu, e reflexos metálicos em sua plumagem colorida. Olhou para a própria cauda. Antes,  era tão bonita, e agora apresentava duas falhas bem no lugarzinho em que a brasa queimara! Ficaria com aquela falha para sempre!
            “Não logo” – disse consigo mesmo. “Todos vão saber que salvei o fogo, para entregá-lo aos índios Pareci.”

(Antonieta Dias de Morais (org).  Contos e lendas de índios no Brasil: para crianças. São Paulo, Nacional.)        
                         
                         
1 – Observe o título do livro de onde foi tirado a lenda. Que textos podemos encontrar nesse livro?
2 – Qual é o problema que a história apresenta e que tenta resolver?
3 – O que os índios deixaram de fazer sem o fogo?
4 – Quem era Juruva?
5 – Observe o trecho:
            “ Voou. Voou. Voou ...”
Por que você acha que o autor repetiu a palavra voou?

6 – Observe mais esse trecho:
            “Ergueu-se uma língua de fogo; a seguir outra, e mais outra. O fogo estava salvo!”
a)     Qual o significado das reticências no trecho acima?
b)    Agora explique por que foi utilizado o ponto de exclamação.
c)     Se você tivesse que reescrever essa frase: “O fogo estava salvo!”, que palavras do quadro abaixo acrescentaria para dar mais emoção ainda ao trecho?


Ufa! – Ih! – Credo! – Oh! – Ai! – Tomara!


7 – Indique as opções corretas. A lenda “Juruva salvou o fogo!” tem a intenção de:
a) informar o leitor sobre um acontecimento real..
B) contar – nos uma história emocionante.
c) fazer o leitor fantasiar, pois os acontecimentos são  impossíveis na realidade.

8 – Reconte a lenda “Juruva salvou o fogo!” em forma de história em quadrinhos. Você poderá utilizar um narrador-observador em alguns momentos. Mas não abuse, procure utilizar bastante os balões com falas. Crie falas para os índios, para os animais da floresta, para os pássaros e, é claro, para Juruva, a personagem principal. Procure utilizar palavras que indicam emoção e também aquelas que imitam sons.
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                                 LENDA CHINESA

                Conta-se que, por volta do ano 250 A.C., na China antiga, um Príncipe da região norte do pais, estava às vésperas de ser coroado imperador, mas,de acordo com a lei, ele deveria se casar.
            Como ele não conhecia nenhuma moça  em especial, resolveu propor um campeonato entre as moças da corte, ou quem quer que se achasse digna de sua proposta. No dia seguinte, o príncipe anunciou que receberia, numa celebração especial, todas as pretendentes e lançaria um desafio.
            Uma velha senhora, serva do palácio há muitos anos, ouvindo os
comentários sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza, pois sabia que sua jovem filha nutria um sentimento de profundo amor pelo príncipe.
            Sua filha, sabia que era apenas uma filha de empregados mas creditava que poderia ao menos tentar participar: ela dizia:
           __É minha oportunidade de ficar, pelo menos alguns momentos, perto do príncipe. Isto já me torna feliz.
            À noite, a jovem chegou ao palácio. Lá estavam, de fato, todas as mais
belas moças, com as mais belas roupas, com as mais belas jóias e com as
mais determinadas intenções.
            Então, finalmente, o príncipe anunciou o desafio: - Darei, a cada uma de vocês, uma semente. Aquela que, dentro de seis meses, me trouxer a mais
bela flor, será escolhida minha esposa e futura imperatriz da china.
            A proposta do príncipe não fugiu as profundas tradições daquele povo,
que valorizava muito a especialidade de "cultivar" algo, sejam costumes,
amizades, relacionamentos etc...O tempo passou e a doce jovem, como não tinha muita habilidade nas artes da jardinagem, cuidava com muita paciência e ternura, a sua semente,pois sabia que se a beleza da flor surgisse na mesma extensão de seu amor, ela não precisava se preocupar com o resultado.
            Passaram-se três meses e nada surgiu. A jovem tudo tentara, usara de
todos os métodos que conhecia, mas nada havia nascido. Dia após dia, ela
percebia cada vez mais longe o seu sonho, mas cada vez mais profundo o
seu amor. Por fim, os seis meses haviam passado e nada havia brotado.             
            Consciente do seu esforço e dedicação, a moça comunicou à sua mãe que, independente das circunstancias, retornaria ao palácio, na data e hora combinadas, pois não pretendia nada além de mais alguns momentos na companhia do príncipe.
            Na hora marcada, ela estava lá bem como todas as outras
pretendentes. Só que seu vaso estava vazio, ao contrario das outras que exibiam uma flor mais bela do que a outra, das mais variadas formas e cores. Finalmente chega o momento esperado e o príncipe observa cada uma das pretendentes, com muito cuidado e atenção.
            Após passar por todas, uma a uma, ele anuncia o resultado e indica a
bela jovem como sua futura esposa. As pessoas presentes tiveram as mais inesperadas reações. Ninguém compreendeu porque ele havia escolhido justamente aquela que nada havia cultivado. Então, calmamente, o príncipe esclareceu:
            - Esta foi a única que cultivou a flor que a tornou digna de se tornar uma imperatriz. A flor da honestidade, pois todas as sementes que entreguei eram estéreis.
            Se para vencer, estiver em jogo a sua honestidade, perca. E você será sempre um vencedor.

1 – Preencha a ficha.
Nome da história
Personagem principal
Personagem secundário
Onde acontece a história
Em que tempo acontece a história

2 – O que você achou da história?
(    ) Péssima.
(    ) Excelente.
(    ) Ruim.
Justifique sua resposta.


3 – Escreva a mensagem que você extraiu desse texto.
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                                      O Saci

         Gente da cidade grande, acostumada com a luz elétrica, entregador de pizza, televisão, poluição, telefone celular, trânsito e computador, não entende nada de Saci e só vai ver o Saci no dia de São Nunca.
         Acontece que o Saci é filho do mistério, filho do vento que assobia, filho das sombras que formam figuras no escuro da floresta, filho do medo da assombração. O Saci é uma dessas coisas que ninguém explica.
         Por exemplo. É muito fácil explicar uma casa. Ela tem tijolos, portas, paredes, janelas e serve para morar. É muito fácil também explicar um cachorro. É um animal mamífero, pertence à espécie canina, abana o rabo, às vezes morde, faz xixi no poste, é amigo das pulgas e serve para latir e tomar conta de casas e apartamentos.
         Agora, tente explicar o gosto. por que tem gente que gosta de uma coisa e gente que gosta justo do contrário?
         Experimente explicar a beleza ou explicar um sentimento ou as coincidências que acontecem ou o gosto ou os sonhos, os acasos ou um pressentimento. Você já teve um pressentimento? Já sentiu que uma coisa ia acontecer e, no fim, ela aconteceu mesmo? Pois bem, agora tente explicar!
         Às vezes a gente está calmamente em casa com uma coisa na mão.  O telefone toca. A gente atende. Bate um papo. Quando desliga, cadê a coisa que a gente estava segurando? Sumiu! A gente não consegue acreditar. A coisa estava aqui agorinha mesmo! A gente procura em todo o canto, xinga, reclama, arranca os cabelos, vira a casa de cabeça para baixo e nada. De repente, olha pro lado... não é possível! A coisa estava ali o tempo todo bem na cara da gente!
         Numa casa de caboclo, quando isso acontece, as pessoas dizem que foi obra do Saci. Dizem que o Saci tem mania de esconder as coisas e depois fica escondido, dando risada, enquanto a gente faz papel de bobo.
         O Saci é um ser misterioso habitante  do mato. Sua aparência é de um negrinho  pequeno e risonho, de uma perna só, com um capuz vermelho enterrado na cabeça, sem pelos no corpo, nem  órgãos para fazer xixi e cocô. Costuma ter três dedos  nas mãos, que são  furadas, e, quando quer , solta um assobio misterioso e fica invisível. Além disso, vive com o joelho machucado e as comandar os mosquitos, pernilongos e pulgas que vivem atazanando a vida da gente. Tem outra coisa: O malandrinho aprecia fumar cachimbo e consegue soltar fumaça pelos olhos! quando  está de bom humor, pode ajudar as pessoas a encontrar objetos perdidos. Em compensação, adora pregar  as piores peças nos outros: faz os viajantes errarem seu caminho, esconde dinheiro e coisas de estimação, faz vasos, pratos e copos caírem  sem motivo  e quebrarem, gosta de judiar dos bichos e é especialista em fazer comida  gostosa dar dor de barriga. De vez em quando, o Saci  sai girando em volta de si mesmo, feito um pião maluco, e  gira tanto,tanto tanto que até levanta as folhas secas e a poeira do chão. Aliás, muitos afirmam que é só por isso que existem os rodamoinhos.
         O Saci tem vários nomes, dependendo da região onde aparece: pode ser Saci Cererê, Saci Taperê, Saci Pererê, Saci Saçura, Saci  Siriri, Saci Trique. Às vezes  é chamado de Matitaperê, Matintapereira ou Sem – Fim, que na  verdade, são nomes de pássaros. É que em certos lugares, dizem, o danado, quando perseguido, dá risada, vira passarinho e desaparece deixando todo mundo de queixo caído.
         O Saci pode ser perigoso. Às vezes chama as criancinhas, canta, dança, inventa lindas histórias e acaba fazendo as infelizes se perderem na floresta. Pode também fazer um caçador entrar no mato e nunca mais voltar.
         Para dominar o Saci só tem um jeito: primeiro, pegar uma peneira. Segundo, esperar um rodamoinho dos fortes. Terceiro, atirar a peneira bem em cima do pé de vento. Quarto,  agarrar o Saci que aparecer preso na peneira. Quinto, arrancar seu capuz e, sexto prender o espertinho dentro de uma garrafa. Sem aquele gorro vermelho o Saci fica apavorado, ameaça, geme, choraminga, fala palavrão, implora e acaba fazendo tudo que a gente quer.        
         Pode até ser bom  morar na cidade, mas como seria gostoso, um dia, assim, de repente, encontrar um Saci de verdade fazendo bagunça, fumando cachimbo, soltando fumaça pelos olhos, virando passarinho e sumindo no espaço!
(Ricardo Azevedo. Armazém do folclore. São Paulo, Ática, 2000. p. 18 a 20)

1 – O que o texto trouxe de novidade sobre o Saci que você ainda não sabia?
2 – Quem é o autor do texto?
3 – De onde o texto foi tirado?
4 – Segundo o texto, gente da cidade grande não entende nada de Saci. Você concorda com isso? Por quê?
5 – O autor diz que o Saci é uma coisa que ninguém explica, que é mais fácil explicar uma casa ou um cachorro. Por quê?
6 – A quem o autor se refere quando fala em caboclo?
7 – Indique no texto a parte referente às características físicas do Saci.
8 – Quais são os nome que o Saci recebe conforme a região onde aparece?
9 – Na região onde você mora, como o Saci é conhecido?
10 – por que em alguns lugares, ele recebe nome de pássaros?
11 – Indique as frases que mostram o jeito de ser e de agir do Saci.
(   ) Tem mania de esconder as coisas.
(   ) Gosta de ver as pessoas fazendo papel de bobas.
(   ) É mal – humorado.
(   ) É brincalhão.
(   ) Fuma cachimbo.
(   )  Protege os bichos.
(   ) Auxilia os caçadores  a se localizarem nas florestas.
(   ) Gosta de judiar dos bichos.
(   ) Tem bom humor.
(   ) Esconde dinheiro e as coisas de estimação.
(   ) Faz um caçador entrar na mata e nunca mais voltar.
12 – Em sua opinião, qual foi a intenção do autor ao escrever este texto?
13 – Quanto s parágrafos possui este texto?
14 – Releia o penúltimo parágrafo  e desenhe, no caderno, as etapas de como pegar um Saci.
15 – Você sabia que o Saci ganhou um dia só para ele no nosso calendário? Em dupla pesquise  que dia é esse e porque foi escolhido para homenageá-lo.
16 – Transcreva os substantivos comuns que aparecem no primeiro parágrafo colocando – os em ordem alfabética.
17 – Encontre, no texto, palavras que não seguem  a norma culta da Língua Portuguesa.
18 - Depois de ter lido o texto sobre o Saci, você deve ter imaginado muitas traquinagens que ele é capaz de fazer. Você  poderá escolher entre duas opções de proposta de produção:
·        Escrever uma história que você conheça sobro o Saci. Não se esqueça  de colocar detalhes, deixando-a emocionante.
·        Inventar uma história sobre o Saci. Imagine o que poderia acontecer com  essa personagem por perto.
Importante lembrar:
·        Caracterizar personagens.
·        Caracterizar o lugar onde acontece a história.
·        Colocar elementos para deixar a história  mais emocionante.
·        Letra legível.
·        Palavras escritas corretamente.
·        Pontuar adequadamente.
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                              O SOL E A LUA

         O Sol tinha acabado de passar um  pouco de curare em suas flechas e guardava  e zarabatana bem à mão, pronto para atirar das árvores, prestando atenção ao menor movimento das folhas. De repente, ouviu uma gargalhada que o fez voltar-se. Sem perceber, acabara de passar por um garoto que estava sentado ao pé de uma árvore com dois magníficos papagaios.
         O Sol se deteve e resolveu descansar um pouco junto deles. Nem viu o tempo passar, e, quando se deu conta, o dia já estava acabando. Não conseguia sair  de perto dos dois papagaios que tanto o divertiam.
         Assim, propôs ao menino levar os dois papagaios em troca de seu calar de plumas. O garoto estava muito preocupado com sua aparência, pois acabara de completar dez anos. Agora já poderia pintar o corpo com urucum e jenipapo. Seus cabelos acabavam de ser cortados, e, quando  crescessem de novo ele teria direito de prendê-los ou fazer tranças. Seria um rapazinho...
         Já tinha as maçãs do rosto pintadas.  Imaginava-se entrando na aldeia com aquele cocar de plumas. Aceitou com alegria o oferecimento do Sol e lá se foi, dançando, em direção à aldeia.
          O Sol também estava com pressa, louco para mostrar a seu  amigo Lua os dois papagaios.  O amigo ficou maravilhado com a beleza e plumagem dos pássaros e se divertiu muito com as palavras engraçadas que eles diziam. assim, resolveu adotar um deles.
         Escolheu o verde de cabeça amarela e o deixou colocar em sua oca, empoleirado num pedaço de pau que enfiou no chão.
         O Sol também fez  um poleiro para seu papagaio e o alimentou com grãos e sementes de todo tipo.
         Na manhã seguinte, os amigos Lua e Sol foram pescar levaram o arco e a flecha, e também arpões, para o caso de encontrarem pirarucu, que era o seu peixe favorito, mas dificílimo de pegar. Ao anoitecer, voltando para casa, estavam muitos cansados e não tiveram forças para preparar  os peixes que haviam pescado. Deitaram-se nas esteiras e logo dormiram.
         Os papagaios pareciam triste  por vê-los assim, e naquela noite ficaram em silêncio. Nos dias que se seguiram, o Sol e seu companheiro Lua não conseguiam entender por que os papagaios estavam tão tristes. Quando os pegavam nas mãos para que se empoleirassem nos dedos, tentando ensiná-los a falar, os pássaros pareciam não mais se divertir.
         Mas um dia, ao voltarem da caça, tiveram uma dupla surpresa. Primeiro, os papagaios foram ao encontro deles, falando como nunca. Saltitavam de um ombro para outro, como se quisessem cantar e dançar. Dentro da oca, uma surpresa  ainda maior os aguardavam: junto ao fogo havia duas grandes vasilhas com cassaripe  fumegente! Quem teria preparado a comida? Eles se sentaram, comeram todo o delicioso pirão e se deitaram. Mas não conseguiam dormir. Que mistério! Os papagaios os olhavam  com um ar divertido. Se pudessem falar, será que podiam contar o que havia acontecido?
         No dia seguinte, quando foram  caçar, os do0is tinham a cabeça cheia de perguntas sem respostas. Enquanto isso, na oca, acontecia uma cena estranha.
         Os dois papagaios se transformaram pouco a pouco em duas moças encantadoras, de cabelos longos, pretos e brilhantes como a noite sob a chuva. Quando a metamorfose se completou, uma delas se escondeu perto da porta para ver quando os dois amigos voltavam, enquanto a outra preparava a refeição.
         _ Depressa, não temos muito tempo! Hoje eles disseram que chegariam mais cedo. Temos que acabar antes que voltem. Quando chegam da caça, eles vêm tão cansados!
         E que surpresa tiveram os dois mais uma vez! Resolveram que, no dia seguinte, voltariam mais cedo e entrariam escondidos pelos fundos. Dito e feito: deslumbrados com a beleza das duas moças,  apaixonaram-se por elas e suplicaram que nunca mais se transformassem em papagaios de novo. Fizeram uma grande festa para celebrar os casamentos. Mas a casa havia ficado pequena demais para quatro pessoas, e por isso decidiram se revezar para ocupá-la. O Sol e a mulher escolheram o dia. Lua aceitou a noite. É por isso que nunca vemos o Sol e a Lua ao mesmo tempo no céu.    

KUSS, Daniele. A Amazônia, mitos e lendas. Tradução Ana Maria Machado. São Paulo: Ática, 1995. p.12.    

1 – Leitura oral por um aluno ou o professor.
2 – Leitura individual silenciosamente.
3 – A partir da leitura da lenda, elabore uma síntese, isto é, um resumo sobre ela.
         Lembre-se que na síntese, que é a reprodução do texto em poucas palavras, você deverá conservar as informações essenciais,  organizando-as de modo a colocá-las numa sequêmcia lógica – começo, meio e fim – e encadeando-as através do uso dos elementos de coesão.
‘para facilitar o seu trabalho, o9bserve alguns passos:
·        Ler todo o texto para se inteirar do assunto;
·        Reler esse texto, várias vezes, sublinhando frases ou palavras que ajudem a identificar as idéias principais do texto;
·        Separar as explicações mais detalhadas da parte informativa mais abrangente e geral;
·        Observar as palavras que fazem a ligação entre os diferentes assuntos (de repente, assim, pois, quando, enquanto, por isso, etc.);
·        Resumir cada parágrafo, pois cada um encerra idéias diferentes;
·        Ler todos os parágrafos resumidos para dar uma estrutura de texto adequada ao resumo e ao encadeamento do texto.
  
Na prática da análise lingüística   pode-se trabalhar a escrita de algumas palavras como por exemplo: de repente.
Completar o quadro com palavras retiradas do texto:
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                            A lenda das borboletas
            Isso aconteceu quando Jesus ainda era menino.
            Um dia, ele saiu bem cedo para apanhar água no bosque.
            Era primavera e o bosque estava coberto de flores: margaridas do campo, jasmim, madressilvas, miosótis...
            Jesus parou para admirar o colorido das flores quando a brisa soprou mais forte. E o sopro da brisa carregou várias florezinhas que, despetaladas, caíram aqui e ali. Algumas bem próximas de Jesus.
            Os olhos do menino encheram – se de lágrimas. Ele pensava: daqui a pouco, elas murcham e nunca mais enfeitam  o bosque.
Então Ele abaixou – se e, delicadamente, foi erguendo as pétalas e soprando – as de leve para o alto.
            Ao sopro mágico, as pétalas foram se transformando em aveludadas e coloridas asas, que saíram a bailar entre as ramagens, beijando as plantas em que haviam nascido.
E foi assim que surgiram as borboletas.

Interpretação:

1- Responda com frases completas:

a) Em que estação do ano se passa a história?
b) Como estava o bosque naquela ocasião?
c) O que fez Jesus quando viu as flores?

2 – Numere na ordem dos acontecimentos:
( ) As florezinhas caíram despetaladas.
( ) Jesus parou para admirar as flores.
( ) Jesus transformou as flores em borboletas.
( ) A brisa soprou mais forte.

3 - Complete, esclarecendo por que aconteceram os fatos:
a) Os olhos do menino encheram – se de lágrimas porque...
b) As borboletas surgiram porque ...

4 - Numere a 2ª coluna de acordo com a 1ª:
( 1 ) lenda                   (   ) ramos de uma planta
( 2 ) brisa                    (   ) tradição popular
( 3 ) ramagem            (   ) vento fresco

5 – Pesquise e anote o ciclo de vida da borboleta.

6 – Reconte esta história com suas palavras.
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                                     A LENDA DO JAPIM

            Japim era um pássaro que vivia no céu cantando para Tupã, o chefe dos deuses.
            Um dia, apareceu uma doença terrível entre os índios. Ninguém sabia o que fazer para ficar livre desse mal.
            Os índios resolveram pedir ajuda a Tupã.
            Tupã teve então uma idéia: mandar o pássaro Japim para aliviar o sofrimento dos índios.
            Japim desceu à Terra e cantou. Seu canto maravilhoso distraía os índi8os. A doença foi desaparecendo e a alegria voltando à tribo.
            Os índios ficaram tão contentes que pediram a Tupã para deixar Japim vivendo para sempre com eles.
            Tupã atendeu ao pedido e deu o pássaro para a tribo. Mas Japim começou a ficar orgulhoso. Ele passou a imitar os outros pássaros da floresta e a zombar deles.
            Os pássaros,  aborrecidos,  foram queixar-se a Tupã.
            Tupã nõ gostou da atitude  de Japim e disse-lhe:
            - De hoje em diante, perderás o teu canto maravilhoso e passarás a imitar o canto das outras aves.
            É por isso que Japim, ao cantar, imita o canto dos pássaros.
                                                                          Adaptado do folclore

1 – Leitura compartilhada.
2 – Leitura silenciosa.
3 – Assinalar as frases na ordem  que aparecem na história:
(    ) Tupã não gostou da atitude do pássaro.
(    ) Os índios teveram uma doença terrível.
(    ) O canto do Japim fez  a doença desaparecer.
(    )  O pássaro ficou muito orgulhoso.

4 – Responda por escrito.
a)    Como os índios resolveram se livrar da doença que os afligiam?

b)    Qual foi a solução encontrada por Tupã?

c)    De que maneira o pássaro0 ajudou os índios?

5 – Copie, lado a lado, as palavras e seus significados. Use o dicionário.

Palavras
Significados
Imitar
Atitude
Zombar
Maravilhoso
orgulhoso

6 – Escreva as frases, trocando as palavras sublinhadas por seus sinônimos.
a)      Os pássaros ficaram aborrecidos.
b)      Japim veio aliviar o sofrimento dos índios.
c)      Seu canto maravilhoso distraia os índios.

7 _ Complete as expressões utilizando palavras  do retângulo.

orgulhoso – bondoso – corajoso – poderoso –
orgulhosa – bondosa – poderosa - corajosa

a)      Quem tem orgulho é _________________ ou ______________________ .
b)      Quem tem poder é ____________________ ou _____________________ .
c)      Quem tem coragem é ______________________ ou __________________ .
d)     Quem tem bondade é ______________________ ou __________________ .

8 – Transcreva  do texto as palavras  as palavras que têm s com som de z.

9 – Complete com s ou z.
____ombar                      atra___do                co___inha              surpre ___a            bu ___ina

Ca ___inha                 te ___oura              bele ___a                    Ra ___ura              RO ___eira

10 – Faça por escrito o resumo da lenda do Japim.  Não esqueça de que, num resumo, devemos citar apenas os fatos mais importantes, ou seja, as idéias principais.
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                                  A LENDA DO GIRASSOL

         Dizem que existia no céu uma estrelinha tão apaixonada pelo Sol que era a primeira a aparecer de tardinha, antes que ele se escondesse.
         E toda vez que o Sol se punha ela chorava lágrimas de chuva.
         A Lua falava com a estrelinha que assim não podia ser. Que a estrela nasceu para brilhar à noite e que não tinha sentido esse amor.
         Mas a estrelinha amava cada raio de sol como se fosse a única luz de sua vida. Esquecia até sua própria luzinha.
         Um dia ela foi falar com o Rei dos Ventos para pedir a sua ajuda, pois queria ficar olhando o Sol, sentindo o seu calor eternamente.
         O Rei dos Ventos disse que seu sonho era impossível, a não ser que ela abandonasse o céu e fosse morar na Terra, deixando de ser estrela.
         A estrelinha não pensou duas vezes: virou uma estrela cadente e caiu na Terra em forma de semente.
         O Rei dos Ventos plantou esta sementinha com muito carinho e regou com as mais lindas chuvas.
         A sementinha virou planta. As suas pétalas foram se abrindo, girando devagarinho, seguindo o giro do Sol no céu.
         É por isso que os girassóis até hoje explodem seu amor em lindas pétalas amarelas.

1  - Depois da leitura da  Lenda do Girassol, interpretá-la através de desenhos e pinturas.
2 – Transcrever do texto as palavras com dígrafos e destacá-los.
3 – Pesquisar e registrar no caderno a origem e as utilidades do girassol.
4 - Reproduzir vasinhos de girassol, reaproveitando garrafas PET(atividade sobre reciclagem de lixo). e presentear um (a) amigo (a).
5 - Trabalhar com os alunos:
Sementes e a Germinação.
Levantamento de Hipóteses:
O que é germinação?
O que é uma semente?
O que a planta necessita para sobreviver?
6 - Experimentação – Organização em grupos de 4 alunos.
Material Necessário:
Vasinhos
Terra vegetal
Sementes de girassol
         É importante no final da experiência o registros das observações e conclusões.
         Presentear um (a) amigo (a) com um vasinho já com a planta girassol. Junto,  um cartãozinho com dicas de cuidados necessários.
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                                   AS LÁGRIMAS DE POTIRA

            Há muito tempo, vivia à beira de um rio uma tribo de índios. Dela fazia parte um casal muito feliz: Itagibá e Potira. Itagibá, que quer dizer braço forte, era um guerreiro robusto e destemido. Potira, cujo nome quer dizer flor era uma índia jovem e formosa.
            Vivia o casal tranqüilo e venturoso, quando rebentou uma guerra contra uma tribo vizinha. Itagibá teve de partir para a luta. E foi com profundo pesar que se despediu da esposa querida e acompanhou os outros guerreiros. Potira não derramou uma só lágrima, mas seguiu com os olhos cheios de tristeza, a canoa que conduzia o esposo, até que a mesma desapareceu na curva do rio.
            Passaram-se muitos dias sem que Itagibá voltasse à taba. Todas as tardes; a índia esperava, à n\margem do rio, o regresso do esposo amado. Seu coração sangrava de saudade, mas permanecia serena e confiante, na esperança de que Itagibá voltaria à taba.
            Finalmente, Potira foi informada de que seu esposo jamais regressaria. Ele havia morrido como um herói, lutando contra o inimigo. Ao ter essa notícia, Potira perdeu a calma que mantivera até então e derramou lágrimas copiosas.
            Vencida pelo sofrimento, Potira passou o resto de sua vida, a beira do rio, chorando sem cessar. Suas lágrimas puras e brilhantes misturaram-se com as areias brancas do rio.
            A dor imensa da índia impressionou Tupã, o rei dos deuses. E este, para perpetuar a lembrança do grande amor de Potira, transformou suas lágrimas em diamantes.
            Daí a razão pela qual os diamantes são encontrados entre os cascalhos dos rios e regatos. Seu brilho e pureza recordam as lágrimas de Potira.

Theobaldo Miranda Santos. Lendas e mitos do Brasil. São Paulo. Ed. Nacional, 1987. P. 140-1. 

1 – Faça leitura silenciosa e vá anotando no caderno as palavras que você não conhece. Depois o professor irá sortear alguém para contar a história para a classe. Se for você o escolhido, atenção à sequência da história, aos detalhes importantes, à altura da voz.  Caso você não seja o escolhido, é importante que preste atenção e faça silêncio à recontagem feita pelo colega.  
2 – Explique, pesquisando no dicionário, o significado das palavras e expressões destacadas a seguir.
a)      “...guerreiro robusto e destemido.”
b)      “...casal tranqüilo e venturoso,”
c)      “...rebentou uma guerra...”
d)     “...profundo pensar...”
e)      “...lágrimas copiosas.”

3 – O texto traz o significado dos nomes das personagens Itagibá e Potira. Explique o que há em comum entre esses significados e a caracterização feita das duas personagens.
4 – Como se sentiu Itagibá quando teve que partir para a guerra?
5 – Em sua opinião, por que Potira não derramou lágrimas quando o marido partiu?
6 – Exp0lique, por escrito,  por que essa história foi criada.
7 – O que nesse texto poderia fazer parte da realidade e o que não poderia?
8 – O que há de comum 3entre o diamante e as lágrimas de Potira?
9 – é possível saber quando essa história aconteceu? Justifique sua resposta.
10 – Certa vez a professora ditou paras os alunos parte da lenda  As lágimas de Potira.  Uma aluna  cometeu alguns erros nas separações de sílabas.indique-os e reescreva as palavras com a separação de sílaba  adequada.

                 As lágimas de Potira
         A descoberta das minas de diamantes, no Brasil, deu origem a divers-
as lendas. Vejamos uma das mais interessantes:
         há muito tempo, vivia à beira de um rio um tribo de ind-
ios. Dela fazia parte um casal muito feliz: Itagibá e Potira. Itagibá, que si –
gnifica braço forte, era um guerreiro robusto e destimido. Potira, cujo qu-
er dizer flor, era uma índia jovem e formosa.

11 – Releia a lenda As lágimas de Potira  e reescreva-a colocando como narradora a própria Potira.
         Inicie o seu texto assim:
         Há muito tempo, eu vivia à beira de um rio...

12 – Leitura para a classe da recontagem da lenda feita pelos alunos.
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                       LENDA DO UIRAPURU
         Um jovem guerreiro se apaixonou pela esposa do grande cacique.
         Como não podia se aproximar dela, pediu a Tupã que o transformasse num pássaro. 
         Tupã o transformou em um pássaro vermelho, que à noite cantava para sua amada. 
         É por isso que o Uirapuru é considerado um amuleto destinado a proporcionar felicidade nos negócios e no amor. 
         O Uirapuru é a ave de canto mais lindo da floresta. Quando ele canta, atrai as outras aves. Elas ficam silenciosas em volta dele, ouvindo-o cantar. Dizem que é tão mágico que depois de morto serve de talismã. Não há quem não fique encantado com o canto do Uirapuru.
         Os índios têm uma história muito bonita sobre como surgiu o Uirapuru. Contam eles que havia, em determinada tribo, duas moças índias que eram muito amigas. Estavam sempre juntas. Uma não largava a outra. Não havia nada que afastasse uma da outra.
         Um dia, as duas acabaram-se apaixonando pelo mesmo índio, que era o novo cacique da tribo. Como ambas eram muito bonitas, ele não se decidia por nenhuma delas. 
         Quando chegou a época do novo cacique se casar, os mais velhos pediram que ele resolvesse sobre qual delas seria sua noiva. Sem saber qual escolher, ele propôs uma prova: aquela que acertasse com uma flecha, em pleno vôo a ave que ele indicasse seria a sua noiva. Se ambas acertassem, nova prova seria realizada. 
         No dia seguinte, na floresta apenas uma conseguiu acertar a ave e foi a escolhida.
         A outra, chamada Oribici, chorou tanto que suas lágrimas formaram  uma fonte e um córrego. Pediu ela a Tupã que a transformasse num pássaro para podser visitar o cacique, sem ser percebida. Tupã ficou compadecido. Para que a moça pudesse ver o casal de que tanto gostava, transformou-a num passarinho de aparência simples. Imediatamente ela voou para a cabana do cacique. Assim que chegou, viu o casal tão feliz, mas tão feliz que sentiu ciúme e ficou mais triste do que nunca. 
         Para resolver o problema, Tupã deu à índia-passarinho um canto muito bonito que a faria esquecer sua tristeza. 
         - De agora em diante - disse Tupã - você será o Uirapuru. Seu canto será tão bonito que a fará esquecer a sua tristeza. Quando os pássaros ouvirem suas notas maravilhosas, não poderão resistir. Ficarão em silêncio para ouvi-la cantar. 
         E assim foi. Até hoje a moça índia canta quando sente tristeza e toda a passarada fica em silêncio para ouvir o seu maravilhoso canto mágico.

1 – Assinale a alternativa que indica o assunto do texto.
(    ) Apaixão de uma índia.
(    ) O uirapuru e seu canto.
(    ) Um pássaro da floresta.

2 – Por que o uirapuru é considerado um amuleto?
3 – Para que Oribici quis se transformar num pássaro?
4 – Numere de acordo com a ordem dos acontecimentos.
(    ) Casamento do cacique com a índia vencedora.
(    ) Descrição do uirapuru.
(  )Como ambas eram muito bonitas, ele não se decidia por nenhuma delas. 
(    ) Canto para esquecimento das mágoas.

5 – Numa lenda há fatos que são reais e outros que são imaginários. Leia as frases e escreva FR para fato real e FI para fato imaginário.
(    ) O uirapuru é um pássaro brasileiro.
(    ) A índia transformou-se num pássaro.
(    ) O uirapuru tem um canto melodioso.
(    ) O corpo do uirapuru dá sorte.

6 Em seu caderno faça a reprodução da lenda  com suas palavras. Escreva-a seguindo o roteiro:
Descrição do uirapuru : Que é? Como é? Como o consideram?
A lenda:  Quem são os personagens? O que fizeram? Por que fizeram?  O que resultou para o personagem principal? Qual foi a consequência de tudo?
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Como a Noite Apareceu
(Lenda pertencente à série "Lendas Tupis", publicada em O Selvagem, Nacional, Coleção Brasiliana)

         No princípio não havia noite. Dia, somente havia em todo tempo. A noite estava adormecida no fundo das águas. Não havia animais; todas as coisas falavam.
         A filha da Cobra-Grande – contam – casara-se com um moço.
         Esse moço tinha três fâmulos fiéis. Um dia, ele chamou os três fâmulos e disse-lhes. – Ide passear, porque minha mulher não quer dormir comigo.
         Os fâmulos foram-se, e então ele chamou sua mulher para dormir com ele. A filha da Cobra-Grande respondeu-lhe:
         – Ainda não é noite.
         O moço disse-lhe:
         – Não há noite; somente há dia.
         A moça falou:
         – Meu pai tem noite. Se queres dormir comigo, mande buscá-la, pelo grande rio.
         O moço chamou os três fâmulos; a moça mandou-os à casa de seu pai, para trazerem um caroço de tucumã.
         Os fâmulos foram, chegaram, à casa da Cobra-Grande. Esta lhes entregou um  coco, tucumã, muito bem fechado e disse-lhes:
         – Aqui está; levai-o.  Não o abrais, senão todas as coisas se perderão.
         Os fâmulos foram-se, estavam ouvindo barulho dentro do coco de tucumã. Eram cri-cri de grilo, coaxos de sapo, hu-hus de corujas, bichos  que só cantam à noite e não eram conhecidos por eles.
         Quando já estavam longe, um dos fâmulos disse a seus companheiros.
         – Vamos ver que barulho será este?
         O piloto disse:
         – Não; do contrário nos perderemos. Vamos embora, eia, remai!
         Eles foram-se e continuaram a ouvir aquele barulho dentro do coco de tucumã, e não sabiam que barulho era.
         Quando já estavam muito longe, ajuntaram-se no meio da canoa, acenderam fogo, derreteram o breu que fechava o coco e abriram-no. De repente tudo escureceu
         O piloto então disse:
         – Nós estamos perdidos; e a moça, em sua casa, lá sabe que nós abrimos o coco de tucumã!
         Eles seguiram viagem.
         A moça, em sua casa, disse então a seu marido:
         – Eles soltaram a noite; vamos esperar a manhã.
         Então todas as coisas estavam espalhadas pelo bosque se transformaram em animais e pássaros.
         As coisas que estavam espalhadas pelo rio se transformaram em patos e em peixes.
         Do paneiro gerou-se a onça; o pescador e sua canoa se transformaram em pato: da  cabeça do pescador, nasceram a cabeça e o bico do pato; da canoa, o corpo do pato; do remo, as pernas do pato.
         A filha da Cobra-Grande, quando viu a estrela d'alva, disse a seu marido:
          – A madrugada vem rompendo. Vou dividir o dia da noite.
         Então ela enrolou um fio, e disse-lhe:
         – Tu serás cujubin. Assim ela fez o cujubin: pintou a cabeça do cujubin de branco, com tabatinga; pintou-lhe as pernas de vermelho com urucu e, então, disse-lhe.
         – Cantarás para todo sempre quando a manhã vier raiando.
         Ela enrolou o fio, sacudiu cinza em riba dele, e disse:
         – Tu serás inhambu, para cantar nos diversos tempos da noite e de madrugada.
         De então para cá todos os pássaros cantaram em seus tempos, e de madrugada, para alegrar o princípio do dia.
         Quando os três fâmulos chegaram, o moço disse-lhes:
         – Não fostes fiéis – abristes o caroço de tucumã, soltastes a noite e todas as coisas se perderam, e vós também, que vos metamorfoseastes em macacos de boca preta, devido a fumaça, e risca amarela, pela cera derretida, e  andareis para todo sempre pelos galhos dos paus.
         E assim, a filha da serpente pode finalmente se deitar e todos os seres puderam dormir.

 1 – A serpente entregou tucumã aos três fâmulos. O que era o tucumã?
2 – que conselho foi dado aos três índios  que foram buscar a noite?
3 – Por que os fâmulos desobedeceram às ordens da serpente?
4 – Um dos índios convenceu os companheiro a abrir o coco de tucumã. Imagine e escreva o que ele fez ou falou para levá-los a tomara essa atitude.
5 – Quando a noite escapou, a filha da serpente deparou-se com um grande problema. Que problema era esse?
6 – De que forma a filha da serpente conseguiu resolver o problema?
7 – Os fâmulos desobedientes sofreram um castigo. O que aconteceu com eles?
8 – Se você fosse a filha da serpente como agiria com os desobedientes?
9 – Nesse texto existem algumas informações reais. Quais são elas?
10 –  Releia este trecho:
            “No princípio não havia noite. Dia, somente havia em todo tempo. A noite estava adormecida no fundo das águas. Não havia animais; todas as coisas falavam.”
a)     Copie todos os verbos desse trecho.
b)    Esses verbos indicam presente, passado ou futuro?
c)     Copie o trecho conjugando os verbos no futuro.
d)    Copie o trecho novamente, conjugando os verbos no presente.

11 – Reproduza a história através da ilustração.
12 - Produza um texto  como seria a vida se  existisse só o dia ou só a noite.
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A lenda do Lobisomem

                Um lobisomem é metade lobo e metade gente. É o primeiro de uma família de sete filhos. Normalmente é magro e amarelo. Nas noites de lua cheia, de preferência nas sextas-feiras, transforma-se em lobisomem e ataca toda a gente ou bicho em busca de sangue. Antes do amanhecer, procura sempre um cemitério, onde se transforma de novo em homem.   
            Num povoado à beira do rio, vivia uma família de sete filhos. O mais novo era fraquinho e amarelado, com aquela cor de lobisomem.
            Toda a gente dizia que ele era um. O pobre moço fingia não ouvir aquela fofoquice. Afinal, mesmo que fosse um, não tinha culpa. A natureza tinha-o feito assim.
            Um dia, pescando no rio, viu uma bela moça lavando roupa. Não deu muita importância, pois achava que não tinha muitas hipóteses com as mulheres.
            De repente, uma trouxa de roupa da moça caiu na água. O rapaz, todo heróico atirou-se e salvou a trouxa da correnteza. Ela, agradecida, pediu que ele fosse até sua casa, onde a mãe lhe daria roupas secas e um chá quente para não se constipar. O moço acabou aceitando o convite. Acabaram se apaixonando e começaram a namorar. Os rumores na cidade aumentaram e todas as pessoas perguntavam para a menina se ela tinha a certeza que o namorado não era um lobisomem. Ela começou a ficar desconfiada, mas gostava tanto dele que não podia nem queria a acreditar.
            Um dia, sexta-feira à meia-noite, a mocinha sentou-se no jardim de sua casa, apreciando a lua cheia. O namorado tinha ido para casa cedo, com a desculpa de uma dor de cabeça. Estava lá, sonhando com o seu amado, quando um bicho horroroso, que mais parecia um cão enorme, pulou na sua frente. A coisa horrorosa atacou a moça, mordendo o seu braço. A moça gritava como louca e conseguiu fugir para casa não tendo dormido nada naquela noite onde quase morreu de susto.
            No dia seguinte, bem cedo, foi ver o namorado e contar a história, aos prantos. O rapaz sorriu, achando tudo palermice. No entanto, este entre os seus dentes tinha um fio vermelho do tecido da blusa da sua amada. Esta apavorada, viu que o seu namorado era mesmo um lobisomem. Não teve medo naquele momento, porque não era noite e já era Sábado. Decidiu que, por amor, salvaria o seu querido da maldição. Perguntou a toda a gente o que fazer. Ninguém sabia. Ouviu falar de um homem que morava na mata, bem longe da cidade, e que poderia ajudá-la. Um velhinho negro com cabelos brancos era a sua última esperança. Este disse para ela não se preocupar e que se tivesse amor pelo rapaz e coragem para ir sozinha a um cemitério de noite e tudo estaria resolvido.
            Para isso precisava espetar um espinho de laranjeira que tivesse sido plantada à meia-noite de uma sexta-feira com lua cheia. Para sorte da moça, o preto velho tinha o hábito de plantar laranjeiras à meia-noite de sextas-feiras de lua cheia. Era meio caminho andado.
            A moça foi confiante para o cemitério. Tremia de medo enquanto um vulto apareceu atrás de um túmulo, era ele. Quando se ia transformar, zum, ela pulou em cima do bicho fincando o espinho nas suas costas. O monstro peludo deu um grito horripilante e transformou-se no namorado da moça. Estava salvo do encantamento.       Casaram  e, graças a Deus, tiveram só cinco filhos, todos fortes e bem corados. Existem pessoas que não acreditam, mas se forem à meia-noite numa sexta-feira ao cemitério quem sabe se não serão confrontadas com um lobisomem?

1 – O que você achou dessa história?
2 – Você acredita em, lobisomem?
3 – Que características tem esse ser fantástico para receber o nome de lobisomem?
4 – De acordo com o texto como o lobisomem é antes de se transformar? E depois da transformação?
5 – Segundo o texto o que a moça teria que fazer para quebrar o encanto do lobisomem  para sempre e o moço voltar à forma  normal?
6 - Em que condições você acha que um ser humano pode se transformar em lobisomem?
7 – Como você acha que as pessoas podem se defender do lobisomem?
8 –Você  acredita que essa história é verídica? Indique algum trecho no texto que mostre que você tem razão.
9 – Escreva uma mensagem para o autor dessa  versão da lenda elogiando-o pela criatividade ou dando uma sugestão para deixar a história mais assustadora.
10 - Escolha uma versão desse  lenda que você conhece ou se lembre de ter lido em algum livro e reconte-a.  Siga  as etapas abaixo:

Nome da história:       _________________________________
Introdução: conte algo  sobre os personagens ou o local onde se passa a história que você vai narrar resumidamente.
Início  da  história: conte o que acontece no começo da história.
Desenvolvimento: continue a história, preparando-a para o conflito que vai acontecer.
Conflito principal: relate o fato mais importante da história.
Final:  agora narre o desfecho da história. 
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                                 O CACHORRO E A PULGA     
                                                                                Liliana & Michele Iacocca

            Era  uma noite de lua cheia, e o cachorro decidiu fazer um passeio pela cidade.
            Na cidade tinha festa.
            Tinha roda – gigante, montanha – russa, carrosséis, barracas de pipoca, de doces, de bebidas, muita música e um grande  baile
            “Quero ficar bonito!”, pensou o cachorro e começou a se aprontar para sair.
            Balançou o rabo, para o pêlo ficar fofinho, levantou as orelhas, para parecer mais vistoso, e encolheu a barriga, para ficar elegante.
            Uma pulga, que estava ali perto, sem fazer nada, viu o cachorro se aprontando e logo adivinhou que ele ia para uma festa.
            “Oba! Arranjei um programa,” pensou a pulga e imediatamente pulou em cima do cachorro.
            Quando o cachorro percebeu, ficou furioso.
            - Sai de mim! – ele gritou. – Aonde você pensa que vai?
            - Eu também quero ir à festa.-falou a pulga.-Não custa nada você me levar.
            - Já imaginou eu chegar pulguento a uma festa?-disse o cachorro. E começou a se sacudir, a se cutucar com a pata. Até mordiscou os pêlos para se livrar da pulga.
            Mas a  pulga, que não queria ficar sem programa de jeito nenhum, foi escapando, se escondendo, até que o cachorro cansou de procurar, também porque estava ficando tarde. E resolveu sair assim mesmo.

Trecho do livro O cachorro e a pulga. Editora  Ática, Coleção Labirinto. 

1 – Leia o texto atentamente e destaque as palavras desconhecida. Em seguida pesquise no dicionário os significados.

2 – Escreva no caderno.
a)      O  título do texto.
b)      O nome dos autores.
c)      O número de parágrafos.
d)     O nome das personagens.

3 – Escreva as informações, marcando-as com os códigos das personagens: C cachorro      P   pulga
(    ) Aprontou-se para ir à cidade.
(    ) Escolheu a barriga para ficar elegante.
(    ) Adivinhou que ele ia para uma festa.
(    ) Não queria ficar sem programa de jeito nenhum.
(    ) Até mordiscou os pêlos.
(    ) Foi escapando e se escondendo.

4 – Pinte em azul as falas do cachorro e em vermelho as falas da pulga.

5 –  O que cada personagem pensou? Escreva no caderno de acordo com o texto.

6 – Escreva no caderno um final para a história O cachorro e a pulga.

            Mas a pulga, que não queria ficar sem programa de jeito nenhum, foi escapando, se escondendo, até que o cachorro cansou de procurar, também porque estava ficando tarde. E resolveu sair assim mesmo.
            Chegando à cidade, o cachorro  ...
7 – Compare o final que você escreveu com  o  final dado  pelas autoras. Como foi o passeio do cachorro à cidade? E a pulga?  Na  sua  opinião,   que final da história  está mais criativo, o seu ou o das autoras? Justifique sua resposta.

8 – Pesquisar e  registrar  no caderno informações sobre a pulga.
·         Dados biológico (tamanho, postura, reprodução, alimentação).
·         Prevenção.
·         Doenças transmitidas e patogenos veiculados.
·         Outras informações  consideradas importantes.

9 – Socializar os dados da pesquisa.
10 – Em grupo, montar um cartaz com os dados  da pesquisa.

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