Semeando Grãos
Alseni das Chagas Vieira Lima
Cuida-se da semente, observando o
solo onde será plantada.
Cuida-se da semente afofando a terra, depositando-a lentamente no
chão, como se estivesse depositando ali um tesouro.
Cuida-se da semente, cercando-a de toda a atenção necessária à
germinação…
Cuida-se então da plantinha, germinada, para que ao crescer dê
flores que encantem aos mais exigentes observadores…
Cuida-se da planta florida, para que seus frutos sejam tenros,
saborosos…
Cuida-se ainda, para que o fruto tenha em seu interior a
continuidade da vida:
A SEMENTE.
Sejamos pois, sementes, quando queremos perpetuar o que há de
melhor em nós.
Sejamos flores, quando e onde estivermos e houver necessidade do
perfume do otimismo e do encantamento.
Sejamos frutos quando encontrarmos outro ser humano carente de
atenção e carinho, alimentando-o com nossa presença amiga.
Sejamos pois, seres humanos em todos os sentidos para que a nossa
simples presença possa brotar em cada aflito a possibilidade de uma saída;
em cada pessimista a esperança adormecida; em cada um o dom de ser
a cada dia mais feliz.
O NÓ DO AFETO
Era uma reunião numa
escola. A diretora incentivava os pais a apoiar as crianças, falando da
necessidade da presença deles junto aos filhos. Mesmo sabendo que a maioria dos
pais e mães trabalhava fora, ela tinha convicção da necessidade de acharem
tempo para seus filhos.
Foi então que um
pai, com seu jeito simples, explicou que saía tão cedo de casa, que seu filho
ainda dormia e que, quando voltava, o pequeno, cansado, já adormecera. Explicou
que não podia deixar de trabalhar tanto assim, pois estava cada vez mais
difícil sustentar a família. E contou como isso o deixava angustiado, por
praticamente só conviver com o filho nos fins de semana.
O pai, então, falou
como tentava redimir-se, indo beijar a criança todas as noites, quando chegava
em casa. Contou que a cada beijo, ele dava um pequeno nó no lençol, para que
seu filho soubesse que ele estivera ali. Quando acordava, o menino sabia que
seu pai o amava e lá estivera. E era o nó o meio de se ligarem um ao outro.
Aquela história
emocionou a diretora da escola que, surpresa, verificou ser aquele menino um
dos melhores e mais ajustados alunos da classe. E a fez refletir sobre as
infinitas maneiras que pais e filhos têm de se comunicar, de se fazer presentes
nas vidas uns dos outros. O pai encontrou sua forma simples, mas eficiente, de
se fazer presente e, o mais importante, de que seu filho acreditasse na sua
presença.
Para que a
comunicação se instale, é preciso que os filhos ‘ouçam’ o coração dos pais ou
responsáveis, pois os sentimentos falam mais alto que as palavras. É por essa
razão que um beijo, um abraço, um carinho, revestidos de puro afeto, curam até
dor de cabeça, arranhão, ciúme do irmão, medo do escuro…
Uma criança pode não
entender certas palavras, mas sabe registrar e gravar um gesto de amor, mesmo
que este seja um simples nó.E você? Tem dado um nó no lençol do seu filho?
Floquinho
Havia
uma aldeia pequena onde o dinheiro não entrava. Tudo o que as pessoas compravam
tudo o que era cultivado e produzido por cada um, era trocado.
A coisa
mais importante, a coisa mais valiosa, era a Amizade. Quem nada produzia, quem
não possuía coisas que pudessem ser trocadas por alimentos, ou utensílio, dava
o seu CARINHO.
O CARINHO
era simbolizado por um floquinho de algodão. Muitas vezes, era normal que as
pessoas trocassem floquinhos de algodão sem querer nada em troca. As pessoas
davam seu CARINHO, pois sabiam que receberiam outros num outro momento ou outro
dia.
Um dia,
uma mulher muito má, que vivia fora da aldeia, convenceu um pequeno garoto a
não mais dar seus floquinhos. Desta forma, ele seria a pessoa mais rica da
cidade e teria o que quisesse.
Iludido
pelas palavras da malvada, o menino, que era uma das pessoas mais populares e
queridas da aldeia, passou a juntar CARINHOS e em pouquíssimo tempo sua casa
estava repleta de floquinhos, ficando até difícil de circular dentro dela.
Então
quando a cidade já estava praticamente sem floquinhos, as pessoas começaram a
guardar o pouco CARINHO que tinham e toda a HARMONIA da cidade desapareceu.
Surgiram a GANÂNCIA, a DESCONFIANÇA, o primeiro ROUBO, o ÓDIO, a DISCÓRDIA, as
pessoas XINGARAM pela primeira vez e passaram a IGNORAR umas na rua.
Como era
o mais querido da cidade, o garoto foi o primeiro a sentir-se TRISTE e
SOZINHO, fazendo o menino procurar uma velha para perguntar se
aquilo fazia parte da riqueza que ele acumularia. Não a encontrando mais, ele
tomou uma decisão. Pegou uma grande carriola, colocou todos os seus floquinhos
em cima e caminhou por toda a cidade distribuindo aleatoriamente seu CARINHO,
apenas dizendo: obrigado por receber meu CARINHO.
Assim,
sem medo de acabar com seus floquinhos, ele distribuiu até o último CARINHO sem
receber um só de volta.
Sem que
tivesse tempo de sentir-se sozinho e triste novamente, alguém caminhou até ele
e lhe deu CARINHO. Outro fez o mesmo… Mais outro… E outro… Até que
definitivamente a aldeia voltou ao normal.
Aceite
meu floquinho como prova do meu carinho, pois é assim que pretendo conduzir meu
trabalho, neste ano de …………. . Neste ano, quero dividir com você a
responsabilidade de educar.